Ao Amor Antigo


O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino não nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

                                            Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

  1. Um poema tão profundo, quando o próprio antigo amor que resiste ao tempo. LINDO

    ResponderExcluir
  2. É verdade Lourdinha. Amo os poemas de Drummond.

    ResponderExcluir
  3. Estou a tentar visitar todos os seguidores do Peregrino E Servo, e verifiquei que eu estava a seguir sem foto, por motivo de uma acção do google, tive de voltar a seguir, com outra foto. Aproveito para deixar um fraterno abraço.
    António Jesus Batalha.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo Comentário!

Mensagens e Poesias Online © Copyright 2011-2013. Tecnologia do Blogger.